sexta-feira, 20 de abril de 2012

Capítulo 21 – Bad day in Wonderland

Micael acordou por volta das nove da manhã sentindo suas costas pedirem por socorro. Viu que Sophia estava com a cabeça em seu peito e depois de vagar em pensamentos tipo ‘Se me dissessem mês passado que aconteceria tudo isso eu não ia acreditar!’ ele estampou um sorriso bobo no rosto e balançou Sophia delicadamente até ela se mexer.
- Nossa... Apagamos aqui na casinha! Ai... – ela se levantava – Precisamos parar com esse costume de dormir sobre superfícies tão, err... sólidas!
- É! Ainda ta cedo, vem... Vamos continuar dormindo numa cama de verdade! – ele se levantou e estendeu a mão para ajudá-la a levantar também.
Ao passar pela sala, Micael viu que tinha recado na secretária eletrônica e foi até o telefone pra ouvir enquanto Soph usava o banheiro do andar de baixo.
- YEEE, minha mãe vai voltar hoje à tarde! – ele esticou os braços pra cima quando viu Sophia sair do banheiro.
- Que bom Micael! Pena que nós estamos indo, né... Justo hoje.
- É... Vocês bem que podiam ficar mais um pouco!
- Você sabe que não dá, Micael... Mas tudo bem, não é tão longe assim! – eles sorriram e foram abraçados subindo as escadas. Quando chegaram no corredor de quartos ouviram uma descarga. Os dois se entreolharam e foram checar se Ray estava lá. A porta do quarto dela estava aberta e ela dormindo como um anjinho.
- Mas então... quem está no banheiro? – Sophia se virou pra Micael e falou baixinho, meio assustada.
- Vejamos... Melanie e Chay devem estar na casa dele. Arthur e Lua definitivamente dormiram fora. E eu vi quando o Pedro e a Rayana chegaram, ela entrou sozinha e ele foi embora. – Micael raciocinava em voz baixa.
- Como você viu a hora que a Ray chegou?
- Eu vim até a cozinha e vi quando ela passou pela sala na ponta dos pés como se alguém pudesse flagrá-la! Engraçada...
Ouviram mais um barulho dentro do banheiro e se olharam mais uma vez. Agora parecia alguém lavando as mãos, mas depois de todas aquelas eliminatórias, quem podia ser ali?
Micael foi andando até a porta devagar com Sophia grudada no braço dele. Estava prestes a por a mão sobre a maçaneta quando...
- AAAAAAAAAAAAAH!
- PUTAQUEOPARIU! – Micael gritando.
- PEDRO SEU FILHO DUMA... – Sophia gritando.
- QUEREM CALAR A BOCA? – Rayana acordando.
Os três estavam gritando porque Pedro abriu a porta antes de Micael e se assustou com aqueles dois ali.
- Ray, socorro! Eles estavam me espionando enquanto fazia xixi! – Pedro se jogou na cama ao lado de Rayana e sumiu no meio dos cobertores.
- Não, idiota! A gente não sabia que você tava aqui. – Micael puxou os cobertores de cima dele.
- É, eu pensei que tinha algum estranho no banheiro! – Soph comentou assustada.
- Ah, ele foi muito bonitinho, mais ou menos uma hora depois que a gente chegou ele voltou aqui e escalou a janela! Não é um amorzinho? – Rayana ficou passando a mão pela cabeça dele como se ele fosse um gatinho de estimação.
- Amorzinho eu não sei, mas por que alguém se daria ao trabalho de subir até a janela se não tem nenhum 'pai-furioso' em casa pra pegar no flagra? – Micael cruzou os braços.
- Po dude! Namorado que se preze tem que entrar pela janela da namorada pelo menos uma vez!
- OOOH RAYANA, VOCÊS ESTÃO NAMORANDO! – Sophia gritou e se jogou na cama por cima de Rayana e Pedro.
- SIIM E... espera! – Ray olhou pra mão da outra, onde um anel brilhava tanto que chegava a ofuscar a visão – VOCÊ TAMBÉM TA, SOPH!
 - Cara! – Pedro levantou da cama enquanto as duas faziam festa – O que aconteceu com aquela coisa toda de 'namorar é bobagem' e bla bla bla?
- Me diga você... – Micael deu de ombros e sorriu quando Sophia piscou pra ele.

Melanie acordou ouvindo uma música baixinha.
...
I need a little more luck, then a little bit
Cuz' everytime I get stuck the words won't fit
And everytime that I try I get tongue tied
I need a little good luck to get me by
...


Abriu os olhos devagar reconhecendo uma de suas músicas favoritas e sorriu involuntariamente. Notou que estava vestida num roupão branco e macio, mas não tinha nada por baixo. Se assustou ao perceber que estava num quarto, deitada numa cama grande e Chay não estava lá. Viu que a música vinha de um rádio relógio e ele marcava 10:15 a.m. Não demorou muito e Chay entrou com uma bandeja, fechou a porta do quarto, a colocou em cima de uma mesinha e sorriu. Estava com um roupão igual ao dela, só que aberto e com a boxer estampada de patinhas de gato que tanto fez Mel rir na noite passada.
- Dormiu bem?
- Aham, mas to com um pouco de dor de cabeça!
- Eu avisei pra não abusar, você ficou dizendo que champanhe não te deixa bêbada e olha o estrago – comentou rindo da cara confusa dela.
- Como eu vim parar aqui? Não me lembro de ter vindo pra cá!
- A gente dormiu lá na sala, mas eu acordei no meio da madrugada e te trouxe pra cá – ele se aproximou e deu um selinho nela.
- Ah, ta... CHAY! – de repente ela o olhou meio espantada – Precisamos ajeitar aquela bagunça que ficou a sala!
- Relaxa! Brit já ta dando conta.
- Brit?
- É, Bridget, a empregada. Eu dei um dinheiro pra ela não comentar pra mamãe sobre isso! Combinamos tudo, o carpete ela pôs pra lavar e se a mãe perguntar ela vai dizer que estava cheio de pó. Tudo que estava fora do lugar ela já arrumou, começou cedo, e o seu vestido já pôs pra lavar também, deve estar na secadora agora.
- Ufa...
- Te trouxe um café, espero que goste de geléia de morango – ele fez uma carinha fofa e ela sorriu boba.
- Ouuun Chay! Eu acho que qualquer coisa que você me trouxesse e fizesse essa carinha eu ia gostar, até pedra! – ela o segurou pelo queixo, deu um selinho e pegou uma torrada.

Uma hora depois ele já estava levando-a de volta para a casa do Micael e estava uma bagunça danada por lá, as meninas correndo de um lado pro outro enquanto um som alto tocava na sala, se misturando com os barulhos do video game que Pedro jogava concentrado. A casa parecia um hospício naquele momento... Quem liga mesmo?

There's a place off Ocean Avenue
Where I used to sit and talk with you...


- ALGUÉM ABAIXA ESSA MERDA? – Mel gritou, estava com dor de cabeça.
Chay foi abaixar o volume vendo que ninguém o faria, enquanto Melanie ficou a observar a correria das outras.
- OMG! Você viu meu secador, Ray?! – Sophia perguntava no corredor.
- NÃO! – Rayana gritou dentro do quarto.
- É Chay... Pelo visto não fui só eu que não terminei de arrumar minhas coisas! – Melanie comentou rindo quando ele se aproximou.
- Acho melhor você se juntar a elas na correria! Que horas seu pai vai passar mesmo?
- Duas.
- Oi Mel, o seu pai ligou faz poucos minutos – Micael veio da sala e se aproximou dos dois.
- Ah, é? O que ele disse? Você não falou que eu dormi fora, falou?
- Eu não, mas o Pedro falou!
- PEDRO! – Melanie e Chay gritaram juntos.
- Eu o que? – Pedro perguntou sentado no sofá, ainda bem concentrado no seu jogo.
- Relaxa, olhem só... ESTOU CONTANDO QUE VOCÊ ESCALOU O TELHADO ONTEM E GRITOU LÁ EM CIMA QUE VOCÊ TEM HEMORRÓIDAS E QUE AMA O ARTHUR!
- Ah, é. – Pedro respondeu sem prestar a mínima atenção.
- Viram? Pedro me assusta! – Micael sorriu e os dois respiraram aliviados.
- Mas então, por que meu pai ligou?
- Ah, ele só ligou pra avisar que teve um problema com o carro e só vai poder passar à noite, por volta das 7.
- Ahn! Isso é bom, mais tempo! – ela abriu um largo sorriso – Vou subir e tomar um banho. – deu um selinho em Chay e subiu as escadas correndo.
- Cadê o Arthur? – Chay olhou pra Micael depois de um tempo que ficou pasmando.
- Não sei, não apareceu ainda e nem a Lua. – Micael deu de ombros e os dois foram se sentar na sala.

- OUCHH! – Arthur acordou quando uma bola de vôlei bateu em sua perna. O menino que a jogou ficou a observá-los na entrada daquela 'pequena caverna de rochas' onde eles estavam. Ele saiu correndo quando Arthur levantou a cabeça.
- Arthur... O que foi? – Lua murmurou ainda de olhos fechados.
- Lu, acho que a gente dormiu de novo depois que o sol nasceu!
- Ah é, mas que horas são? E de quem é essa bola? – Lu apontou com cara de zonza pra bola colorida que o menino abandonou.
- Foi um menino que arremessou na minha perna e depois ficou assistindo a gente acordar... Filho da mãe, aposto que vai ficar roxo isso aqui! – Arthur murmurava enquanto foi andando pra ver em que lugar do céu estava o sol e assim tentar adivinhar o horário, já que seu relógio havia parado e o celular estava no carro.
- Ainda bem que a gente se vestiu direitinho naquela hora então... – Lua se levantou e começou a sacudir o cabelo por causa da areia.
- Lu... Que horas você disse que Robert ia passar lá na casa do Micael mesmo?
- Ah, ele disse que mais ou menos duas da tarde. Por quê?
- Não sei, mas parece que já é meio-dia, ou quase! – ele falou observando o céu, com o sol lá no meio.
- O QUÊ? – ela se virou na direção dele mais rápido do que a sonolência permitia e quase se desequilibrou – Mas... mas... tem certeza?!
- Olha, não que eu seja assim um fazendeiro e tal, mas acho que é sim.
- ARTHUR, A GENTE PRECISA CORRER! Robert vai passar daqui duas horas, não vai dar tempo! Ainda nem terminei de arrumar minhas coisas! – ela prendeu o cabelo e os dois foram andando rápido. Uma praia lotada ficou observando as duas criaturas saindo do meio das rochas sacudindo as roupas, cheias de areia grudada. Lua teve a impressão que até quem jogava vôlei parou para olhá-los. Sentiu as bochechas esquentarem um pouco, mas não podia fazer nada a não ser andar depressa. Em seguida, foram correndo para o carro visivelmente atrapalhados e apressados... O carro estava lá, do jeitinho que ele havia estacionado. [n/a: ok, isso é uma ficção mesmo aahusah! Vamo combinar né...]

Arthur’s point of view ON

Entramos no carro e eu ainda precisava vestir minha camisa que eu vim carregando no braço. Eu estava morrendo de vontade de rir daquelas pessoas que ficaram paradas olhando pra gente, aquela cena foi digna de cinema! Por que eles ficaram tão admirados, ué? Só um casal com roupas sociais no melhor estilo 'me-formei-ontem-à-noite'! Sabia que eu não podia olhar pra Lua porque ela devia estar prendendo o riso também ou então com aquela cara irritantemente bonita de quando ela fica com vergonha. Não me controlei e olhei pra ela antes de dar a partida. Nós dois começamos a rir feito loucos... Acho que dormir na praia traz problemas mentais.
- As nossas caras deviam estar as melhores – ela estava falando e rindo ao mesmo tempo. Quanto mais ela ria mais eu queria rir também! Ataque de riso existe mesmo?
- Você quer dizer as piores né, pra ficarem olhando tanto!
- Porra Arthur, aquelas garotas estavam olhando pra você sem camisa! – uau. Ela fala mesmo... Desse jeito eu não vou conseguir parar de rir pra poder dirigir, cacete!
- Mas aposto que você ficou toda orgulhosa por ser a dona de tudo isso, não ficou? – fui cutucando a barriga dela, diz aí se eu não achei uma boa saída? Aprendam comigo guys, não discutam com suas namoradas, apenas façam cócegas nelas e pronto!
- Ok, eu vou... deixar passar... mas pára... e dirige caraíí! – ela estava falando e rindo mais uma vez, mas agora era por causa das cócegas.
- Ah, é verdade! Estamos com pressa! – eu tratei de ligar o carro, mas antes que eu passasse a primeira marcha ela tocou meu braço, me olhou com aqueles olhos que param o meu mundo e me deu um beijo. Não foi um beijo que demorou muito, mas foi algo diferente. É como se ela estivesse confirmando que não se arrepende de nada, nem mesmo de ter saído sob os olhares de todos agora pouco, assim como eu que também acho que cada segundo valeu.
- Ta bom, agora pára de me olhar e vamos embora porque minha cara deve estar horrível! – Hum, deixa eu analisar... Não está horrível.
- Você ta bonita Lu! – eu falei, dei a seta e saí. O trânsito parecia complicado mais à frente... Odeio trânsito!
- Aiai, esses quase-namorados, como mentem! – Lu se ajeitou no banco sorrindo. Eu tive que tirar com ela depois disso!
- COMO ASSIM?! QUANTOS VOCÊ TÊM? – eu fingi uma voz afetada e ela virou o rosto pro outro lado, provavelmente rindo.
- Só você, mas é porque você vale por muitos! – e ela piscou. Agora foi ela quem achou uma boa saída, hum. [n/a: créditos à amiga da Aline ahsuhshas]
- Ihh, esse trânsito ta mais parado que o meu relógio aqui!
- A gente não pode fazer nada então não adianta estressar! Vou colocar uma música... – pegou o MP4 na bolsa e ligou no rádio do carro. Começou a tocar David Archuleta. O que ela ta querendo com isso?
- Ah Lu! David Ar-de-chulé essa hora da manhã?!
- Mas agora não é manhã Arthur. [n/a: humpf ]
- Então põe uma música menos "quarto-de-mocinha".
- Touch My Hand não é "quarto-de-mocinha" – Lua encolheu um dos olhos e pôs as mãos nas cadeiras. Foi engraçado! Eu ri.
- Se você diz... – melhor concordar né... E o carro anda mais dois metros. Começou a ficar difícil ter paciência naquele trânsito enquanto sentia o sal e a areia pinicando em algumas partes do corpo! Mas a gente chega lá e é um tempo a mais pra eu passar com a Lu antes dela ir embora!
- Ahhhhin, a gente não vai chegar antes do Rob, Arthur! E se ele levar minha mãe e ela me ver chegando assim?! Vai me encher de perguntas o caminho inteiro até em casa!
- Calma, a gente chega sim, eu prometo! Se a gente não chegar no horário, eu toco Touch My Hands em praça pública! E até danço, viu... – erm, a gente vai chegar no horário. Não vai?

Arthur’s point of view OFF

Chegaram à casa do Micael às três da tarde. Lua desceu do carro apressada e quando o ‘casal milanesa’ entrou na casa, todos os presentes na sala ficaram olhando com cara de interrogação e caíram na gargalhada vendo o jeito meio assustado dos dois.
- Que foi? – Arthur perguntou levantando os braços.
- Cadê o Robert? Minha mãe veio também? Ela vai me matar!
- Relaxa Lu! – Sophia recuperava o fôlego depois de rir da cara apavorada dela – Ele ligou e parece que só vai passar no finalzinho da tarde.
Lua respirou aliviada com a mão sobre o estômago. – Mas por quê?
- Ah, foi algum problema no carro. – Melanie abanou o ar.
- Por onde vocês andaram? Algum depósito de areia? – Rayana perguntou fazendo os outros voltarem a explodir em risadas.
- Fomos! É um deposito enorme que começa com ‘pra’ e termina com ‘ia’! – ela falou sorridente e olhou pra Arthur, que também sorria.
- Nossa! Vão à praia e nem chamam os amigos! – Soph cruzou os braços e Ray lhe deu um pedala.
- Cala a boca maritaca! Você ia querer segurar vela?
- Não me bate, coisa ruim! Assim eu vou ficar com traumatismo ucraniano!
- E seria esse traumatismo proveniente da Ucrânia? – Rayana falou prendendo o riso.
- Ih, nunca tinha pensado nisso...– Sophia fez cara de dúvida.
- Tem um monte de coisas que você nunca pensou, Soph! – Rayana comentou e logo precisou colocar os braços à frente do rosto pra se defender das almofadadas da amiga.
- Vai ver o primeiro traumatizado no mundo apareceu na Ucrânia! – Chay respondeu como se aquilo valesse um milhão de reais.
- Ainda bem que a Sophia e o Chay não estão mais juntos, imagina se tivessem um filho, como é que não seria a criaturinha! – Pedro havia acabado de voltar do banheiro e quando passou por Chay lhe deu um pedala.
- Hey, é por isso que você e a Rayana estão juntos! Só sabem maltratar os amigos, são dois brutos... – ele fez um biquinho afundando a cabeça entre os ombros e Melanie lhe deu um beijo na bochecha.
- Eu não maltrato a Sophia, eu amo essa mulher! – Rayana ficou tentando agarrar Sophia, que virava a cara e tentava afastá-la com os braços.
- Pensei que só a gente tivesse momentos gays! – Micael falou pra Pedro e os dois desmunhecaram as mãos.
- Ah, minha Rayana é uma flor, ela ama essa amiga dela! – Pedro falou pra Chay enquanto Rayana ainda continuava tentando beijar a bochecha de Sophia.
- Não, aqui só tem uma flor e é a Melanie! Ela nasceu on the floor – Chay passou um braço pelo ombro dela e ficou esperando A reação.
- On the floor?
- Sim! É no jardim on the floor nasce! – Chay terminou sorridente e todos fizeram OOOUUUN quando ele deu um selinho nela. Melanie quase chorou.
- Put a keep are you Chay vai see food her! – Micael escreveu num caderno e jogou em cima dos dois.
- Essas crianças estão com fogo hoje! – Arthur olhou pra Lua sorrindo depois de um tempo observando os amigos.
- Deixa eles... Eu vou tomar banho e trocar essa roupa horrível, acho melhor você ir e fazer o mesmo! – Lua o puxou pela mão até a porta.
- Ahn! Ontem você disse que meu terno era lindo! – Arthur brincou fazendo cara de criança quando descobre que Papai Noel não existe.
- Ele é! Quando não está coberto de areia... – ela terminou rindo. Os dois se despediram e Arthur foi pra casa.

Lua tomou seu longo e merecido banho, tirando areia e sal até dos ouvidos... Terminou de arrumar algumas coisas que faltavam nas malas, depois desceu pra sala e cumprimentou seus tios que haviam acabado de chegar.
- Tia! Pensei que eu fosse embora sem te ver!
- Oh, minha querida, foi tão inesperado! Uma pena não podermos estar aqui nas férias com vocês! – a senhora Borges abraçava a sobrinha.
- Espero que não tenham feito muita bagunça – senhor Borges apontava o dedo no rosto do filho.
- Que isso pai! Nós não somos mais adolescentes! – ele ergueu uma sobrancelha e olhou Lua de canto de olho – Mas e então... Como foi tudo?
- Ai meu filho... Seu tio ficou em coma por uns 20 dias, mas não resistiu. Foi difícil, tivemos que cuidar da minha sogra porque ela ficou terrivelmente abalada. – a mãe do Micael explicava enquanto tirava o agasalho. Os pais de Micael ficaram um tempo na sala, conversando com toda aquela turma e depois foram tomar banho pra descansar.
Já passava das seis e meia quando Lua estava em seu quarto passando um lápis básico no olho e viu o celular vibrar em cima da penteadeira, mensagem do Arthur.

LU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Dá pra passar aqui?
Têm umas coisas que eu esqueci de dar pra minha fã #1!
Bjoooooooooo


Lua sorriu ao ver a mensagem, ficou muito curiosa imaginando o que seria e se daria tempo de passar lá...
- MICAEL! – ela gritou ao entrar na cozinha e ver o primo bebendo um copo de suco.
- Cralhocofcofoc, quase me engasguei agora! Que me matar de susto? Se eu morresse a culpa ia ser sua!
- Não, ia ser do suco de laranja! Mas esquece isso... Me leva com seu carrinho bonitinho até a casinha do Arthurzinho?
- Ora, mas é tão perto, vai a pé!
- A pé dá uns dez minutos Micael, não vai dar tempo de ir e voltar! Deixa de ser mala, poxa!
- E por que você inventou de ir lá agora?
- Ele me mandou uma mensagem... – mostrou o celular pra Micael – Anda vai... Deixa de preguiça e ajuda a sua prima uma vez na vida!

Arthur’s point of view ON

Eu tinha acabado de ver que o MP4 da Lu estava aqui, na verdade ela o deixou no meu carro... Eu também queria entregar pra ela a pulseira, que eu to tentando entregar desde o dia da festa na casa do Kyle! Ela nem sabe que eu estou com essa pulseira, mal posso esperar pra ver a cara dela quando eu entregar! Erm... Será que ela lembra da pulseira? Tipo, ela deixou cair lá em casa uns séculos atrás e... ah, que seja!
Vejamos o que ela tem nesse MP4, ou ‘emepêquatrinho’, como ela fala... Será que tem McFLY?

Arthur’s point of view OFF

Arthur conectou o dispositivo em um computador na sala e então jogou a pasta ‘The Red Jumpsuit Apparatus’ na lista de execução.

 DING DONG [n/a: yeap! Campainha baby xp!]

‘Mas já?! Cacete, ela é rápida! Acabei de enviar a mensagem!’ Arthur pensava indo abrir a porta.
- Você?
- Oi Arthur...
- O que veio fazer aqui Lilah? – ele cruzou os braços.
- Queria conversar, não vai me deixar entrar?
- A gente já conversou tudo que precisava.
- Não Arthur! Aquele dia no parque eu tava nervosa, falei um monte de bobagens! – ela foi dando passos pra dentro da casa e Arthur recuava.
- Não ligo e não quero saber! – havia um ar infantil na fala dele que fez Delilah achá-lo mais fofo.
- Mas você precisa saber, eu nunca estive com o Mike, juro! – ela falou já dentro da casa e encostando a porta atrás de si.
- Por que falou o contrário então?
- Sei lá, acho que eu não quis sair por baixo... Você tava me traindo e eu simplesmente perdi o controle, perdi a cabeça! – ela parou de andar na direção dele e os dois ficaram parados no meio da sala.
- Pode ser que você não tenha saído com ele, mas e daí? Se eu fiz o que fiz quando a gente estava junto foi porque a nossa relação se tornou insuportável pelo fato de você estar comigo por causa da banda... Isso não foi mentira, eu era só um guitarrista famoso pra você!
- Foi mentira sim e foi a pior delas! Admito que bem lá no comecinho das nossas saídas você era pra mim um guitarrista bonitinho, mas eu fui gostando de você, me apaixonei seriamente!
- Legal... Mas ah, quer saber?! Não faz diferença pra mim. O que a gente teve foi legal até, mas já acabou faz tempo.
- Não faz assim Arthur! Pelo menos me desculpe por tudo então.
- Tudo bem... Podemos ser amigos. Como você queria! – ele sorriu sarcástico.
- Não quero ser sua amiga... – ela se aproximou olhando nos olhos dele – O que eu quero vai muito além disso e eu duvido que você não sinta mais nada por mim! – ela foi abrindo os botões do sobretudo que usava e quando terminou o deixou despencar ao chão, revelando seu corpo totalmente nu. Arthur arregalou os olhos e sentiu o ar lhe faltar.
- V-v-veste isso, Delilah! Ficou maluca?
- Ué Arthur, por que ficou tão tenso? Aqui não tem nada que você não tenha visto, tocado, experimentado... – ela sorria vitoriosa passando a mão no pescoço dele.
- Não é isso, é que se te pegam assim vai ficar mal pra mim! É-é-é melhor você ir! – ele já suava frio.
 - Tem certeza que quer que eu vá? – ela sussurrou com o rosto bem próximo ao dele e começou a dar pequenas mordidas em sua orelha. Arthur fechou os olhos e apertou os punhos, sentia que a qualquer momento ia perder o controle da situação! Ela foi passeando com a boca pela bochecha dele e quando as bocas ficaram frente a frente, ela avançou e beijou os lábios dele. Arthur sabia que à pouco tinha chamado Lua pra ir lá e sabia que a porta estava apenas encostada, mas sabia também que não estava conseguindo controlar os próprios atos e que é difícil se livrar de um beijo! Principalmente quando a outra pessoa está nua... Ele apenas pedia mentalmente que não desse pra Lua passar lá até que ele conseguisse retomar o controle de seus atos novamente ou que ela nem tivesse visto a mensagem! Os dois foram dando passos até o sofá e logo Delilah o empurrou lá, deitou por cima dele e arrancou-lhe a camisa que vestia. Arthur lutava mentalmente contra os próprios braços e fazia força para que eles não abraçassem o corpo nu e atraente que estava em cima dele, uma luta em vão. Os dois ouviram o barulho de um objeto caindo no chão, foi Lua que deixou o celular cair da mão ao entrar e dar de cara com a coisa toda. Junto com o barulho, Arthur acabou mordendo aquela língua intrusa, fazendo Delilah se afastar do rosto dele com uma careta de dor e a mão sobre a boca. Os dois viraram o rosto ao mesmo tempo na direção da entrada da sala e viram Lua em estado de choque. Micael chegou ao lado dela e parou de pé no mesmo estado de choque. Arthur só apertou os olhos sentindo todo o teto da casa cair sobre sua cabeça, não conseguia dizer nada. Não sabia o que dizer, não havia o que dizer. 

- Arthur... – ela falou com a voz fraca e respirou fundo, não queria de maneira alguma chorar ali. Delilah saiu de cima e pegou a camisa dele pra se cobrir até poder chegar ao sobretudo jogado no meio da sala.
- Lua, não é o que parece! – Arthur levantou falando como se tivesse acordado aquela hora.
- Pode parar Arthur! Pra mim não tem outro parecer aqui!
- Não, não, ela chegou aqui de repente e...
- E... e o que? Vocês começaram a se agarrar? Não tem o que explicar aqui! Por que diabos você me chamou? Pra eu chegar e ver essa peladona branquela com estrias na bunda?
- Não, nem era pra ela estar aqui!
- Epa! Eu não tenho estrias na bunda! E claro que era pra eu estar aqui, sou a namorada dele... – Delilah se pronunciou vestindo o sobretudo e Lu olhou pra Arthur boquiaberta.
- OKAAAY! ENTÃO DESCULPA AÍ OS POMBINHOS! EU CHEGUEI NA HORA ERRADA? – Lua começou a falar mais alto. O barulho da música também estava tornando a situação ainda mais ‘agradável’, praticamente um passeio no parque.
- VOCÊ TA LEVANTANDO A VOZ PRA MIM POR QUÊ? VOCÊ NUNCA FOI NADA DELE! Ou pelo menos eu não vejo nenhuma aliança aí nesse seu dedo...
- LUA, IGNORA ESSA GAROTA E OLHA PRA MIM!
Arthur tentou segurar Lua pelos ombros, mas ela não falou nada, apenas se soltou e foi em direção ao computador. Chegando lá, pegou seu MP4 na mão, mas antes de desconectá-lo, escutou uma voz meio de longe.
- Eu sabia que vocês não eram nada... Esse lance de vocês não ia mesmo durar muito – Delilah comentou como se estivesse tranqüila observando as unhas.
- Que eu saiba eu não fui a namorada chifrada milhões de vezes, com direito a foto na internet e tudo mais... Acho que eu to no lucro ainda.
- Ah, você não devia ter dito isso. EU VOU TE JOGAR DENTRO DAQUELE AQUÁRIO! – Delilah avançou na direção de Lua, que ficou apenas desafiando com os braços abertos. Na hora H, Lua saiu da frente e Delilah acabou derrubando dois vasos da mãe do Arthur pra desviar do aquário.
- PUTAQUEOPARIU – Arthur levou as mãos à cabeça e pela primeira vez na vida, ele realmente não sabia o que fazer.
- ARTHUR! Sua ex-namorada parece fora de controle! Você não vai falar pra ela parar? – Lua se aproximou e lhe deu um tapa no braço, vendo que ele parecia paralisado no meio do caos.
- Eu... Ela não é...
- MAS QUE CU! VAI FICAR AÍ PARADO, EU CONFIEI EM VOCÊ SEU BOSTA! – Lua também descontrolou geral e começou a dar soquinhos nele.
Micael assistia tudo paralisado como Arthur, mas dava graças aos céus por não estar na pele dele.
- Eu confiei... eu fui legal... as meninas ficavam dizendo ‘dá uma chance pra ele’ – Lua afinou a voz e balançou rapidamente os quadris, como se estivesse querendo imitar suas amigas. Ela dava passos enquanto falava, chegou perto de outro vaso numa mesinha – Eu acreditei. E O QUE VOCÊ ME RETORNA É ISSO?!
Ao gritar a última frase, ela jogou o vaso contra uma parede. Arthur só se desviou dos cacos voadores e apertou os olhos.
- Não Lu... Se você me escutar vai ver que não é bem assim!
- Ah não?
- Não!
- Então você não me traiu?
- Claro que não!
- Ah, já sei por que você está negando! – Lua deu uma risadinha e se aproximou novamente do computador. Desconectou o MP4 com violência fazendo a música parar bruscamente.
- Como assim, Lu? – Arthur coçou a cabeça confuso com a resposta dela.
- Deve ter sido aquele lance de ‘fã #1’. Você acha que não me traiu porque a gente não estava namorando não é... Mas você devia ter lido melhor aquele contrato, Aguiar! Ser pego na sala com sua ex-namorada nua, provoca quebra de contrato e uma multa que é nunca mais olhar pra mim, falar comigo ou lembrar que eu existo! – com seu MP4 na mão ela foi se aproximando da saída da sala. O celular continuava no chão, mas ela nem lembrou.
- Eii, eu não deixei de te pedir em namoro porque eu quis! Eu te disse que as alianças não tinham chegado!
- Então ainda bem que não pediu. Assim eu não tenho que me arrepender e você não me deve explicações, a gente não é nada. – ela falou com a voz embargada e respirou fundo mais uma vez pra manter os olhos secos pelo menos ali na frente deles – Ela deve ser a sua fã número 35627, né?! Eu já vi que você tinha que dar algo pra ela também... Podem continuar se dando à vontade, eu vou pra casa. – falou séria e saiu rapidamente puxando Micael, que pelo jeito continuaria parado com a boca aberta e os olhos espantados se ela não fizesse isso.
- Anda Micael.
Arthur levou uns segundos assimilando tudo. Sentia que sua cabeça poderia explodir a qualquer momento e seus miolos serviriam de alimento aos peixes do aquário.
- LU ESPERA AÍ! – ele sacudiu a cabeça pra apagar pensamentos toscos e correu até a porta. Viu Lua entrar no carro e Micael, antes de entrar no lado do motorista lançou um olhar raivoso ao amigo. O carro cantou pneus e saiu disparado, Arthur bateu a porta e começou a caminhar meio nervoso na sala.
- Droga, droga! – ele repetia com as mãos na cabeça andando de um lado pro outro enquanto Lilah o observava fechando os últimos botões do sobretudo.
- Se acalma Arthur...
- E você ta fazendo o que por aqui ainda? Já deu seu show, pode ir!
- Hey, se tem alguém que pode dar barraco sou eu, porque EU sou a namorada por aqui, certo?
- Você mesma terminou comigo caraíí! Parece que cheira!
- Exato, fui eu que terminei com você então tecnicamente eu posso voltar atrás!
- Ahn? Vai pra lá você também com esse papo doido, eu hein.
- Se essa Lua não tivesse brotado da terra agora, nós já teríamos voltado!
- Aposto que não. Eu não quero voltar com você e você também não quer nada comigo, já que vive dizendo que eu não presto.
- É, não presta mesmo e eu espero que ela já tenha percebido isso também.
- ÓTIMO! – Arthur abriu os braços e gritou.
- ÓTIMO! – ela o imitou.
- Olha, eu nunca escondi isso de você, ta legal?! Uma vez você viu fotos aqui em casa onde tinha ela e você me perguntou quem era. Eu demorei, mas acabei contando tudo, não escondi nada, falei que eu gostava mesmo dela e agora que você sabe que eu tava com ela você chega pra causar? Isso foi o que? Não agüentou ver minha felicidade?
- Não, eu só queria minha vida de volta! A gente só terminou aquele dia porque você estava fugindo do controle!
- Isso mesmo, do seu controle. Você queria me controlar pra gente parecer o casal perfeito! Ninguém te avisou que casal perfeito não existe nem na ficção? Você acabou com a minha chance de ter uma vida normal, eu queria te estrangular agora! Mas como eu não bato em mulher, vou só mandar você sair da minha casa!
- Tudo bem. Você não bate em mulher, mas machuca muito mais do que se desse uns socos nelas. Simplesmente porque se você batesse elas parariam de gostar de você! Só o que você sabe fazer da vida é deixar um rastro de mulheres machucadas por onde passa, Aguiar! E a pior parte é que algumas continuam sem conseguir te apagar da cabeça! Pelo menos eu me vinguei hoje, eu fiz a Lua sentir naquela pele tatuada dela um pouco do que eu passei com você! E eu não sei se você percebeu, mas eu ainda chegava a deixar passar algumas sujeiras que você fazia quando a gente estava junto, e ela não! Ela já saiu arrastando o Micael daqui. Não duvido nada que ela fique com ele agora, sabe como é né, amor de primo...
- AAAAH, CALA A BOCA! – Arthur ficou atacado – EU JÁ FALEI PRA VOCÊ IR EMBORA, O QUE MAIS VOCÊ QUER? JÁ TIROU A ROUPA NO MEIO DA SALA E AGORA FICA AI COM ESSA VOZ DE GRALHA DESAFINADA PIANDO SEM PARAR NO MEU OUVIDO! EU QUERO VOCÊ FORA DO MEU CAMPO DE VISÃO!
Arthur foi empurrando-a pelos ombros enquanto gritava e logo que fechou a porta respirou fundo pra recuperar todo o ar.
- Mas que confusão foi essa aqui? Eu estava dormindo tranqüila no meu quarto e acordei assustada com o barulho das coisas quebr... AH, meus vasos! – a mãe dele apareceu e logo percebeu os cacos no chão. Ela cruzou os braços olhando pro filho e Arthur apenas fez cara de gatinho atropelado, correndo para os braços dela.
- Ah mãe, a Lu ta brava comigo porque a Delilah chegou aqui e tirou toda a roupa! TODA-A-ROUPA mãe!
- Eu sempre soube que essa Delilah era capaz de aprontar, nunca fui com a cara dela! – a senhora Aguiar o abraçou fazendo carinho na cabeça dele.
- Agora a Lua vai voltar pra lá, não vai querer me ver nunca mais, talvez até volte com o ex e o que eu vou fazer? – ele falava pra mãe com a voz manhosa e com a cara afundada no ombro dela.
- Eu sei o que você vai fazer.
- Sabe? – se soltou do abraço e olhou pra mãe, esperando uma dica.
- Vai arrumar toda essa bagunça.
- Mas mãe!
- Shhhh... Calma, eu não terminei de falar!
- Ah ta, mas você tem alguma idéia?
- Tenho uma ótima. Compre vasos novos pra mim! – falou e saiu em seguida, deixando um Arthur frustrado.

- Você ta bem? – Micael perguntou estacionando em frente à sua casa, passaram o caminho todo sem falar nada – Ah, claro, mas que pergunta essa minha... – bateu na própria testa.
- Depois daquela loucura a última coisa que estou me sentindo é bem. Mas vamos disfarçar, não quero preocupar meus tios já na hora de ir embora – ela falou e apontou com a cabeça para o carro de Robert parado mais adiante. Eles desceram do carro e Robert saía da casa junto com os tios de Lua, conversando e cada um puxando uma das malas das meninas que elas haviam deixado na sala.
- Oi Lua! – Robert sorriu pra ela, que retribuiu com um sorriso fraco – Aonde foram tão em cima da hora desse jeito?
- Fui comprar pilhas recarregáveis pra câmera do Micael porque perdi as dele. – Lua respondeu rápido e Micael concordou com a cabeça. Depois ela deu mais um sorriso fraco. Aquele era o máximo de sorriso que ela estava conseguindo no momento. Entrou na casa, sendo seguida por Micael.

- Ainda não acredito no que Arthur fez! – Micael falou assim que fechou a porta do quarto que Lua acabara de entrar.
- É... Ele fez! – ela mexia no cabelo, tentando fazer um rabo de cavalo, mas estava tão nervosa que nem conseguia.
- Mas é que... é que... é inacreditável, ele parecia tão... sei lá, apaixonadinho, nhenhenhem, você sabe!
- O que tem de inacreditável nisso Micael?! Conheci o Arthur antes de você e sei que não tem nada de tão inacreditável, ainda mais quando aquela era a ex-namorada grudenta, Devaca. – ela desistiu de tentar prender os cabelos e jogou o elástico longe.
- Calma Lu... – Micael se aproximou e a abraçou, ela encostou a cabeça de lado no peito dele e fechou os olhos – Se você quiser amanhã eu converso com ele, pergunto o que aconteceu, por que ele fez isso, etc e tal.
- Não, num precisa procurar ninguém pra falar disso. O que aconteceu é óbvio, não tem o que perguntar. Deixa como está, eu vou ficar bem... No fundo, alguma coisa sempre me disse que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde se eu ficasse com ele. A gente tava só ficando Micael, não tem nada de mais, não é como se a gente estivesse casado ou algo assim.
- Ah puxa... Só porque eu ia lá deixar uma cicatriz bem grande na cara dele pra ele deixar de ser o Mcflier-guitarrista-hot e ficar sendo apenas um McFlier-guitarrista-simpático!
- Haha! Primeiramente, eu acredito que nem morrendo aquela peste deixa de ser hot! E depois, eu não quero vocês brigando, ok?
- Hum... ok.
- Não, esse seu ok não me convenceu Micael! – Lua sorriu e deu um tapa no braço dele.
- AI O-KAY! Ok okokokok! – Micael intercalava os ok’s com cócegas na barriga dela e os dois ficaram rindo.
- Valeu Micael. – Lua o abraçou.
- Não por isso! E fica bem. – deu-lhe um beijo no topo da cabeça e a soltou – Já terminou de arrumar tudo?
- Sim. – ela respondeu pegando em cima da cama uma caixa de papelão rosa que ele certamente já viu várias vezes e que ela certamente estava querendo jogar da ponte.
- O que tem aí? – Micael apontou a caixa com o olhar.
- Coisas que eu vou ter de jogar fora. Se eu conseguir. – ela falou, ele deu de ombros e os dois saíram do quarto.

Lua’s point of view ON

Depois de todas aquelas despedidas, Robert, eu e as outras três maritacas (ah, rola uns apelidos carinhosos entre nós, só pra constar!) já estávamos no carro. Rayana ia na frente, igual quando viemos, Melanie na janela do lado do motorista, eu na outra e Sophia no meio. Diferente da viagem de ida, quando Melanie ficava fora do ar pensando num problema que começa com C e termina com Y, dessa vez era eu que estava assim aérea, observando a janela com meus fones de ouvido. Talvez pra não ter de escutar toda a alegria eufórica das outras e ficar me sentindo culpada por sentir inveja. Confuso isso, né? Liguei logo o MP4, esperando que Arthur não tivesse realmente olhado todo ele e visto que lá tem várias pastas de McFLY, uma pra cada álbum. Antes de pôr os fones, fui ao menu e escolhi ouvir na ordem do ‘acaso’ e fiquei torcendo: que não venha música de fossa, que não venha música de fossa, que não venha... Ah, ótimo... Touch My Hand. Prêmio Ironia pro meu emepêquatrinho! Logo a que a gente escutou hoje cedo quando eu ainda estava no país das maravilhas. Senta e chora. A música começou a tocar e eu podia simplesmente passar pra próxima, mas não o fiz.
Deitei a cabeça pra cima com os olhos abertos. Sabia que os flash backs não demorariam a passar como nuvens em meus pensamentos.

Play Lua’s Flash Back


Memory-one
Eu e Sophia conversávamos dentro de um quarto no dia seguinte à festa do Pedro...
- Lu, eu sempre disse que você devia deixar de medo e ficar com ele de uma vez!
- Verdade... E eu demorei tanto pra te escutar! Menina, ele me pegou de jeito naquele closet!
- HAHAHAH closets são hots! Que nem banheiros! – Soph sorriu maliciosa, às vezes ela me dá medo.
- Perva... – o sorriso foi desaparecendo do meu rosto e eu olhei pro lado.
- Que foi?
- Ah, você sabe. E se de repente tudo isso acabar?! E se o meu maior medo desde que o conheci se realizar? Digo... e se eu pegá-lo com outra tipo... amanhã?!
- Relaxa, ele não vai fazer isso! Não é mais o garotão da oitava série!
- Mas agora ele é o garotão de uma banda... Sem contar que uma vez galinha, sempre galinha! É sério Sophia, e não ia agüentar se isso acontecesse! Acho que eu simplesmente morreria!
- Aff! Mas que drama, Deus me livre! Com quem você aprendeu a ser dramática desse jeito? Ah não, lembrei! Você já era dramática antes de nascer, por isso nasceu chorando! Aiê! – gritou com o tapinha que lhe dei na bochecha. Ah, eu não sou tão dramática!
- Eu dramática?! Fique sabendo que você é pior que eu às vezes, ‘oooh eu nunca vou gostar de mais ninguém como gosto do Micael! Oooh, oooh...’ – eu fazia gestos exagerados com os braços e usava uma voz ridícula. Parei quando ela me deu uma almofada na cara e ficamos rindo feito idiotas. Sério, nós temos perturbações psicológicas! Se afaste se puder.


Memory-two
Eu já estava arrumando a mala pra voltar pra casa. Trouxe realmente muita coisa, tanto que precisei começar a arrumar dois dias antes, colocando na mala algumas coisas que não ia usar mais. Fiquei distraída lá ouvindo música enquanto pegava alguns sapatos no guarda-roupas e quando menos esperava senti braços me envolvendo pela cintura. Opa! Conheço esses braços! E esse perfume! Arthur!
- Arthur! O que... faz... aqui... criatura? – eu fui falando entre um selinho e outro que ele me dava.
- Ué, não ta feliz em me ver? Então eu vou embora.
- Pelo contrário! É que você ficou meio sumido, não te vi desde ontem de manhã.
- É que eu e os caras estamos planejando algumas coisas. Sabe como é, uma banda nunca pode parar realmente!
- Sim, claro...
- Mas eu vim aqui pra ver se você arranja um espaço na bagagem pra... isso. – ele pôs a mão numa sacola que carregava e tirou de lá aquele porta-retratos onde colocou nossa foto. Será que eu sou exagerada por ter sentido o ar faltar por causa disso?
- Wow! O porta-retratos que você chamou de fogão!
- Sim! Você vai levá-lo, não vai?
- Erm, um fogão é meio grande pra por na mala, não? – tentei disfarçar minha emoção sem-causa com uma piada sem-graça. Pela cara dele, não funcionou. – Ah, tudo bem, é só que... eu não esperava que você fosse mesmo me trazer.
- E por que não?
- Porque é um objeto de família? Da sua família?
- Lua... Ta tudo bem pra mim se ele passar umas férias com você, eu não tenho ciúmes!
- Oun... isso é muito cute da sua parte, Arthur!
- Yeeay! Ninguém nunca me chamou de cute! Tirando minha mãe...
- Cutecutecutecutecutecutecute – fiquei dando beliscadinhas pelo abdômen dele, é legal, ele sente cócegas! Mas sem brincadeiras agora, eu acho que as coisas já foram rápido demais e isso ta ficando sério! Já to até vendo o dia que ele vai me pedir em namoro... Espero estar preparada. Baah, eu estarei sim!

Stop Lua’s Flash Back

Sinal indo de amarelo para vermelho e o carro parou. Quando eu fui reparar, percebi que do outro lado da rua estava a casa de Arthur. Mas que caralho. Esqueci que a rua da casa dele faz parte do caminho, assim como também esqueci desse semáforo odioso na frente da casa dele! Essa coisa tinha mesmo que fechar agora?! Tudo que eu precisava... Pra completar ele ta lá na janela do quarto. E ainda sem a camisa.

Lua’s point of view OFF

Não querendo de jeito nenhum que ele a visse, Lua foi fechando o vidro. Se bem que nem precisaria de vidro escuro, pois mesmo que ele estivesse aberto, Arthur dificilmente a veria porque nem estava olhando pra rua. Ele tinha o olhar fixo no rótulo da garrafa que estava em uma de suas mãos, como se estivesse numa leitura muito interessante. Na outra mão ele tinha o celular dele. Acabava de ler a mensagem que Lua mandou em resposta e ele não viu na hora porque estava na sala...

O que quer entregar Arthur?!
Fiquei curiosa!
Hm, Micael ta me levando aí! Até daqui a pouco...
xx Lu

Nenhum comentário:

Postar um comentário